Editores da série MOC Antonio C. Buzaid - Fernando C. Maluf - Carlos H. Barrios
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Editor-convidado Caio Max S. Rocha Lima

A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou em 05 de maio de 2022 o uso do anticorpo anti-PD-1 pembrolizumabe para o tratamento de pacientes portadoras de câncer de mama triplo-negativo (CMTN) irressecável ou metastático com expressão positiva de PDL-1 (pontuação positiva combinada [PPC] ≥ 10), conforme os dados do estudo de fase III KEYNOTE-355.

Nesse estudo, 847 pacientes com CMTN não candidatas a tratamento curativo foram randomizadas 2:1 entre terapia de primeira linha com pembrolizumabe ou placebo associados a quimioterapia à escolha do investigador (nab-paclitaxel, paclitaxel ou a combinação de gencitabina e carboplatina). Dentre os critérios de inclusão, as pacientes com doença recidivada deveriam ter finalizado o tratamento neoadjuvante ou adjuvante há pelo menos 6 meses. Os objetivos coprimários do estudo foram a sobrevida livre de progressão e a sobrevida global, avaliadas de maneira hierárquica entre as pacientes com PDL-1 ≥ 10, PDL-1 ≥ 1 e na população por intenção de tratamento. Dentre a população incluída no estudo, 75% das pacientes em cada braço apresentavam expressão de PDL-1 ≥ 1 e 38% apresentavam PDL-1 ≥ 10.

Os resultados atualizados do estudo foram apresentados na ESMO 2021, após um seguimento mediano de 44 meses. Na avaliação das pacientes com PDL-1 ≥ 10, a sobrevida global mediana foi de 23,0 versus 16,1 meses para os braços pembrolizumabe e quimioterapia, respectivamente (HR=0,73; IC de 95%: 0,55-0,95; p=0,0093). Já a avaliação de sobrevida global nas populações com PDL-1 ≥ 1 e em toda a população não demonstraram benefício estatístico com a adição do imunoterápico ao tratamento. A sobrevida livre de progressão também favoreceu o braço tratado com pembrolizumabe na população com PDL-1 ≥ 10 (HR=0,66; IC de 95%: 0,50-0,88). A taxa de resposta foi de 52,7% versus 40,8% nos braços pembrolizumabe e quimioterapia, respectivamente, na população com alta expressão de PDL-1. A taxa de eventos adversos de graus ≥ 3 relacionados ao tratamento foi de 68,1% versus 66,9% para os braços pembrolizumabe e quimioterapia, respectivamente, destacando-se anemia, neutropenia, náuseas, alopecia, fadiga e elevação de transaminases como os eventos adversos frequentes. A taxa de eventos adversos imuno-mediados foi de 26,5% no braço pembrolizumabe, sendo 5,3% deles de graus ≥ 3.

Conforme destaca a Dra. Juliana Martins Pimenta, oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo: “trata-se de uma importante aprovação no cenário de CMTN metastático, o subtipo hoje associado a pior prognóstico dentre os subtipos de câncer de mama. A imunoterapia tem demonstrado eficácia no tratamento dessa doença em vários estudos tanto no cenário de doença metastática como na neo/adjuvância, em especial com o uso do pembrolizumabe, conforme os dados do KEYNOTE-355 e do KEYNOTE-522, respectivamente. A recente aprovação do pembrolizumabe na doença metastática em primeira linha pela ANVISA permite o uso dessa importante medicação em combinação com outros agentes quimioterápicos como carboplatinagencitabinanab-paclitaxel além de paclitaxel e permite o uso de um imunoterápico com dados mais robustos de impacto em sobrevida global. Importante lembrar que o teste de PDL-1 recomendado para uso dessa medicação é o PPC (ou CPS – do inglês Combined Positive Score) pelo anticorpo da DAKO® 22C3, sendo recomendado o uso de pembrolizumabe apenas para pacientes com PDL-1 ≥ 10.


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