Editores da série MOC Antonio C. Buzaid - Fernando C. Maluf - Carlos H. Barrios
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Editor-convidado Caio Max S. Rocha Lima

Take-home message:
A combinação de anastrozol + fulvestranto foi superior quando comparada com o uso de anastrozol sozinho ou de modo sequencial com fulvestranto no tratamento do câncer de mama metastático hormônio positivo. Mesmo com a dose de fulvestranto tendo sido abaixo da dose padrão.
Dessa forma tal tratamento pode ser considerado o tratamento padrão para esses pacientes.

Fase do Estudo:
Fase III, randomizado.

Objetivo:
O objetivo primário foi análise de sobrevida livre de progressão. A análise de sobrevida global foi considerada como objetivo secundário.

População/casuística:
707 mulheres, na pós-menopausa, não tratadas, com câncer de mama metastático hormônio positivo, foram randomizadas. Dentre elas, 695 foram consideradas elegíveis ao estudo, desse grupo, 345 foram alocadas no grupo a receber anastrozol e 350 no grupo a receber a combinação de anastrozol + fulvestranto).

Desenho do estudo/intervenção:
As mulheres na pós-menopausa foram randomizadas (1:1), para receber cada 1 mg de anastrozol, via oral, diariamente (grupo 1), com possibilidade de crossover para o uso de fulvestranto se a doença progredisse; ou anastrozol e fulvestranto em combinação (grupo 2). As pacientes foram estratificadas de acordo com o recebimento prévio ou não de tamoxifeno. O fulvestranto foi administrado na dose de 500 mg, IM, D1 e 250mg, nos D14 e D28 e após, mensalmente.

Resultados:
A mediana de sobrevida livre de progressão foi de 13,5 meses no grupo 1 e 15 meses no grupo 2 (progressão ou morte com terapia combinada de HR=0,80; IC de 95%: 0,68-0,94; p=0,007 pelo log-rank test). A terapia combinada foi também mais efetiva do que o uso do anastrozol sozinho em todas as análises de subgrupos do estudo, com nenhuma significante interação. A sobrevida global também foi maior no grupo da terapia combinada (mediana de 41,3 meses no grupo 1 e 47,7 meses no grupo 2; morte de HR=0,81; IC de 95%: 0,65-1,00; p=0,05 pelo log-rank test); mesmo com o fato de 41% dos pacientes do grupo 1 terem feito crossover para o fulvestranto após a progressão. As taxas de toxidades grau 3 a 5 não tiveram significância entre os dois grupos.

O estudo em perspectiva:
As análises desse estudo contrastam com os resultados do estudo FACT Trial, que analisou a comparação do uso de anastrozol versus o bloqueio combinado com anastrozol e fulvestranto, embora o FACT Trial não tenha usado um numero tão grande de pacientes (514) e tenha incluído pacientes com doença recorrente localizada, que é associada a poucos eventos de falha. Tendo isso em vista, conclui-se que um estudo maior seria necessário para detectar essa diferença.
Os resultados desse estudo, publicado no NEJM em 2012 são animadores para toda a Oncologia e apresenta a possibilidade mudar o manejo no tratamento dessas pacientes com câncer de mama metastático receptor hormonal positivo.

Referência:
Mehta RS, Barlow WE, Albain KS, et al. Combination anastrozole and fulvestrant in metastatic breast cancer. N Engl J Med 2012;367:435-44.

Rodnei Macambira Jr
(Médico Residente de Oncologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo).

01/10/2013

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