Editores da série MOC Antonio C. Buzaid - Fernando C. Maluf - Carlos H. Barrios
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Editor-convidado Caio Max S. Rocha Lima

A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou em 06 de dezembro de 2021 o uso combinado de pembrolizumabe e lenvatinibe para o tratamento de pacientes com diagnóstico de câncer de endométrio avançado previamente tratado não candidatas a tratamento com cirurgia curativa ou radioterapia, independente do estado de mutações (mismatch repair ou instabilidade de microssatélites). O uso do regime combinado neste cenário foi avaliado no Estudo fase III 309/KEYNOTE-775, que randomizou 827 pacientes com carcinoma de endométrio avançado previamente tratado com no mínimo uma quimioterapia baseada em platina (incluindo tratamento nos cenários neoadjuvante e adjuvante) entre pembrolizumabe e lenvatinibe ou tratamento quimioterápico à escolha do investigador (doxorrubicina ou paclitaxel). Ressalta-se que pacientes com histologia de sarcoma endometrial e carcinossarcoma não foram incluídas no estudo. Dentre a população incluída,  50% das pacientes apresentavam idade ≥ 65 anos e 84% delas com status do tumor proficiente para mismatch repair. Os subtipos histológicos incluídos foram carcinoma endometrioide (60%), seroso (26%), carcinoma de células claras (6%), misto (5%) e outros (3%). Adicionalmente, 69%, 29% e 3% das pacientes haviam recebido uma, duas ou três ou mais linhas de terapias sistêmicas prévias, respectivamente, com 37% das pacientes previamente tratadas apenas nos cenários neoadjuvante ou adjuvante. O tratamento com a combinação de pembrolizumabe e lenvatinibe reduziu em 38% o risco de morte (HR=0,62; IC de 95%: 0,51-0,75; p<0,0001) quando comparado à quimioterapia, com medianas de 18,3 versus 11,4 meses. Adicionalmente, o tratamento combinado também promoveu benefícios em sobrevida livre de progressão (HR=0,56; IC de 95%: 0,47-0,66; p<0,0001), taxa de resposta (32% versus 15%; p<0,0001) e duração de resposta (14,4 versus 5,7 meses). A duração de resposta foi ≥ 12 meses em 51% e 35% das pacientes do braço experimental e controle, respectivamente. Na avaliação de segurança, a taxa de eventos adversos de graus ≥ 3 foi de 89% no braço pembrolizumabe e lenvatinibe e 73% no braço quimioterapia. No braço do imunoterápico, as toxicidades mais frequentes em todos os graus foram hipertensão arterial (63%), diarreia (57%), hipotireoidismo (56%), náuseas (51%) e diminuição do apetite (47%). As doses de tratamento recomendadas são pembrolizumabe, 200 mg, via intravenosa a cada 3 semanas ou 400 mg a cada 6 semanas e lenvatinibe, 20 mg, via oral uma vez ao dia, ambos mantidos até progressão de doença, toxicidade limitante, ou até completar 24 meses de tratamento para pembrolizumabe. A Dra. Graziela Zibetti Dal Molin, oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, destaca que “trata-se de um grande avanço no tratamento do câncer de endométrio avançado. Até o momento, o cenário da doença recidivada é órfão de opções terapêuticas eficazes, com quimioterapia em segunda linha apresentando taxas de resposta baixas, em torno de 10%. A combinação de pembrolizumabe e lenvatinibe trouxe ganhos em sobrevida livre de progressão e global, com o dobro de taxa de resposta. O adequado manejo de eventos adversos é fundamental para que a paciente possa receber o benefício da combinação”. Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida Veja também:

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