As mutações nos genes de reparo do DNA estão presentes em aproximadamente 10% dos pacientes portadores de câncer de próstata metastático resistente à castração. Essas alterações genômicas são classicamente caracterizadas por conferir sensibilidade ao tratamento com inibidores da PARP. Baseado nesses dados, o estudo clínico de fase III PROFound avaliou o tratamento de pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração previamente tratados com abiraterona ou enzalutamida separados em duas coortes (coorte A incluindo pacientes com alterações nos genes BRCA1, BRCA2 ou ATM, e coorte B incluindo aqueles com alterações de BRIP1, BARD1, CDK12, CHEK1, CHEK2, FANCL, PALB2, PPP2R2A, RAD51B, RAD51C, RAD51D, ou RAD54L) para receberem tratamento com olaparibe ou um dos agentes hormonais à escolha do investigador (abiraterona ou enzalutamida, conforme exposição prévia). Como resultados, o tratamento com olaparibe foi associado a benefício em sobrevida livre de progressão radiológica na coorte A (HR=0,34; IC de 95%: 0,25-0,47; p<0,001), objetivo primário do estudo, além de benefício também em sobrevida livre de progressão radiológica na análise combinada das coortes A + B (HR=0,49; IC de 95%: 0,38-0,63; p<0,001), bem como em taxa de resposta objetiva confirmada (33,3% versus 2,3%, p<0,001) e tempo para progressão de dor (HR=0,44; IC de 95%: 0,22-0,91; p=0,0192). A taxa de eventos adversos de graus ≥ 3 com o uso de olaparibe foi 50,8%, destacando-se anemia, náuseas, fadiga, redução do apetite e diarreia como os eventos adversos apresentados em maior frequência. Recentemente, a farmacêutica AstraZeneca® anunciou em press release que o estudo também foi positivo para o desfecho de sobrevida global, porém a magnitude do benefício ainda não é conhecida. Este estudo representa “um landmark no tratamento do câncer de próstata”, comenta o Dr. Fabio Schutz, oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e coordenador da oncologia da unidade Hospital BP Paulista. “A população é relativamente pequena, em torno de 10-15%, no máximo. Não obstante, o câncer de próstata é o tumor mais frequente e um dos maiores responsáveis pela mortalidade por câncer na população masculina”, complementa Dr. Schutz. Com apresentação do Dr. Fábio Schutz e moderação do Dr. Antonio Carlos Buzaid, editor do MOC, confira neste Vídeo-MOC uma revisão dos dados do estudo PROFound, que embasou a aprovação de olaparibe no tratamento do câncer de próstata pela ANVISA, assim como as recomendações de rastreamento de mutações em pacientes com câncer de próstata.