Editores da série MOC Antonio C. Buzaid - Fernando C. Maluf - Carlos H. Barrios
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Editor-convidado Caio Max S. Rocha Lima

Resumo: Em mulheres com câncer de mama triplo-negativo, a adição de bevacizumabe para regimes de quimioterapia adjuvante não reduziu a incidência de recorrência ou melhora de sobrevida global, e foi associado com aumento do risco de hipertensão e de eventos cardíacos graves. Sabemos que a inclusão de bevacizumabe à quimioterapia aumenta a sobrevida livre de progressão no câncer de mama metastático e aumenta as taxas de resposta no cenário neoadjuvante. As micrometástases são dependentes de angiogênese, o que sugere que as pacientes poderiam se beneficiar de estratégias anti-angiogênicas no tratamento adjuvante. Por isso, foi avaliada a adição de bevacizumabe a quimioterapia (QT) no tratamento adjuvante de mulheres com câncer de mama triplo-negativo. Métodos: Estudo de fase 3, randomizado, em 37 países, incluiu pacientes acima de 18 anos (1:1, estratificadas por status nodal, QT [com antraciclina, taxano, ou ambos], status de receptores hormonais [negativo versus baixo], e tipo de cirurgia) para receberem no mínimo quatro ciclos de QT isolada ou com bevacizumabe (equivalente a 5 mg / kg por semana, durante 1 ano). O endpoint primário foi sobrevida livre de doença invasiva (SLDI). As análises de eficácia basearam-se na intenção de tratar a população. Resultados: Entre 03 de dezembro de 2007 e 8 de Março de 2010, 1.290 pacientes receberam quimioterapia e 1.301 receberam bevacizumabe e QT. O acompanhamento médio das pacientes foi de 31,5 meses (25,6-36,8) no grupo de quimioterapia isolada e 32 meses (27,5-36,9) no grupo QT + bevacizumabe. No momento da análise primária, os eventos de SLDI haviam sido relatados em 205 pacientes (16%) no grupo de quimioterapia isolada e em 188 pacientes (14%) no grupo de bevacizumabe + QT (HR=0,87; IC de 95%: 0,72-1,07; p=0,18). A SLDI em 3 anos nas pacientes do grupo QT foi de 82,7% (IC de 95%: 80,5-85) e de 83,7% nas pacientes do grupo QT + Bev (81,4 -86). Após 200 mortes, não houve diferença na sobrevida global entre os grupos (HR=0,84; IC de 95%: 0,64 -1,12; p=0,23). Uma avaliação exploratória de biomarcadores, sugeriu que as pacientes que no período pré-tratamento apresentavam uma elevação plasmática de VEGFR-2 poderiam se beneficiar da adição de bevacizumabe (p=0,029). O uso de bevacizumabe foi associado a um aumento da incidência de hipertensão (154 pacientes [12%] versus oito pacientes [1%]), aumento de eventos cardíacos graves. Não foi registrado aumento de eventos adversos fatais com bevacizumabe. Conclusões: Bevacizumabe não deve ser recomendado como tratamento adjuvante em pacientes com câncer de mama triplo-negativo. Cameron D, Brown J, Dent R, et al. Adjuvant bevacizumab-containing therapy in triple-negative breast cancer (BEATRICE): primary results of a randomised, phase 3 trial. Lancet Oncol, 2013, Epub ahead of print.

Comentários - MOC Brasil:

Em mulheres com câncer de mama triplo-negativo, a adição de bevacizumabe para regimes de quimioterapia adjuvante não reduziu a incidência de recorrência de doença invasiva ou melhora de sobrevida global, e foi associado com aumento do risco de hipertensão e de eventos cardíacos graves. Uma avaliação exploratória de biomarcadores sugeriu que os níveis de VEGFR-2 podem prever a resposta ao bevacizumabe, se um biomarcador predizer a resposta ao bevacizumabe, o uso desta droga poderá ter um impacto mais favorável na vida das pacientes com câncer de mama.
Raphael Brandão (Médico Residente de Oncologia Clínica da Beneficência Portuguesa de São Paulo) 02/09/2013

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