Aproximadamente 1% de pacientes tratados com T-DM1 podem desenvolver fibrose pulmonar e consequentemente apresentar elevação de CA15-3 e CEA, um índice pequeno, mas que deve ser lembrado.
Neste
MOC-Dicas, Dr. Antonio Carlos Buzaid compartilha com os leitores do MOC o seu primeiro caso clínico de fibrose pulmonar provocada por tratamento com T-DM1.
No caso clínico em questão, uma paciente jovem (44) foi diagnosticada em 2006 com carcinoma ductal
in situ. Depois, recorreu com múltiplas metas cerebrais, fígado, ossos e pulmão. Na ocasião, biópsia do fígado foi realizada, mostrando carcinoma HER-2 3+, RH negativo. Uma revisão da lamina anterior da mama também foi feita, revelando que o tumor primário se tratava na realidade de carcinoma ductal invasivo de 5 mm, HER-2 3+, RH negativo.
Iniciou-se o tratamento com
carboplatina,
paclitaxel e
trastuzumabe X 4 ciclos com CR seguido de
trastuzumabe isolado durante 4 anos.
Após nova recorrência, foi adicionado
trastuzumabe +
vinorelbine. Meses depois, devido a uma progressão, o tratamento seguiu com
trastuzumabe +
capecitabina, que apresentou resposta por pouco tempo. Em 2014, quando T-DM1 ficou disponível, a paciente passou a recebê-lo e teve resposta completa durante dois anos até apresentar lesões pulmonares associadas ao aumento progressivo de CEA e CA15-3. O medicamento foi suspenso e uma biópsia pulmonar foi realizada, mostrando fibrose intersticial decorrente de droga.
O caso está sendo discutido atualmente com médicos do mundo. Provavelmente, não será reintroduzido T-DM1. A discussão sugere adição de taxano,
pertuzumabe e
trastuzumabe, que a paciente nunca recebeu na primeira linha.
Sempre que houver um dano pulmonar, haverá algum grau de fibrose. Quanto maior a fibrose mais alto será o CEA e o CA15-3. Essa é a dica desta aula.