Editores da série MOC Antonio C. Buzaid - Fernando C. Maluf - Carlos H. Barrios
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Editor-convidado Caio Max S. Rocha Lima

Resumo: A irradiação de crânio profilática (ICP) melhora a sobrevida em pacientes com câncer de pulmão de células pequenas (CPCP) que apresentam resposta completa à quimioterapia e radioterapia, dados específicos para a população idosa são escassos. Métodos: Foi utilizado o banco de dados do Surveillance, Epidemiology, and End Results (SEER), os autores identificaram 1.926 pacientes com idade ≥ 70 anos que foram diagnosticados com CPCP estágio limitado entre 1988 e 1997. Foram comparadas a sobrevida global (SG) entre os pacientes que receberam ICP contra aqueles que não receberam ICP. Um modelo de riscos proporcionais de Cox foi utilizado para estimar o efeito do ICP em SG, após ajustes para idade, raça, sexo, tamanho do tumor, estado linfonodal, estágio da doença, e recebimento de radioterapia e cirurgia torácica. Resultados: A idade média dos pacientes foi de 75 anos (intervalo de 70 a 94 anos), foram estudados 138 (7,2%) pacientes que receberam ICP. As taxas de SG em 2 e 5 anos foram de 33,3% (intervalo de confiança de 95% [IC de 95%: 25,6-41,2%] e 11,6% [IC de 95%: 6,9-17,6%]), respectivamente, entre os pacientes que receberam ICP versus 23,1% (IC de 95%: 21,2-25,1%) e 8,6% (IC de 95%: 7,3-9,9%), entre os pacientes que não receberam ICP (p=0,028). Na análise multivariada, o ICP foi encontrado para ser um preditor independente de SG (HR=0,72; IC de 95%: 0,54-0,97 [p=0,032]). Na análise de subgrupo, ICP permaneceu um preditor independente de SG entre os pacientes com idade ≥ 75 anos, mas não entre os pacientes com idade ≥ 80 anos. Conclusões: A utilização de ICP está associada com ganho em SG nos pacientes com idade ≥ 70 anos com CPPC, sugerindo que o benefício do ICP é mantido na população idosa.

Comentários – MOC Brasil:

Para os pacientes com câncer de pulmão de células pequenas (CPCP), que conseguirem uma resposta completa ao tratamento inicial, a irradiação de crânio profilática (ICP) pode diminuir a incidência de metástases cerebrais e prolongar a sobrevida. Para pacientes com pouco volume de doença que conseguirem uma resposta completa à terapia de indução, é recomendado ICP (Grau 1A). Para pacientes com CPCP estágio limitado com evidência de regressão do tumor significativo, mas menos do que uma resposta completa após o término da quimioterapia, também é recomendado ICP (Grau 1B). Metanálises têm mostrado que esta abordagem pode prolongar a sobrevida e diminuir a incidência de metástases cerebrais posteriores. Para pacientes com CPCP com doença extensa, e evidência de resposta tumoral após a conclusão da quimioterapia e que mantém um índice de desempenho bom, recomendamos ICP (Grau 1A). ICP melhora a sobrevida global e diminui a incidência de metástases cerebrais. Para os doentes que conseguem uma resposta completa ao tratamento inicial, a abordagem é a utilização de uma dose total de 30 Gy em fracções de 2 ou 25 Gy em fracções de 2,5 Gy. Cursos mais abreviados de terapia são uma opção para pacientes com resposta incompleta à quimioterapia inicial. Os resultados desta análise retrospectiva usando o banco de dados do SEER mostrou que os pacientes ≥ 70 anos com câncer de pulmão de células pequenas limitada, mostram ganho de sobrevida global e específica por câncer com irradiação craniana profilática.
[Cancer, 2013, Epub ahead of print] Raphael Brandão (Médico Residente de Oncologia Clínica do COAEM – Beneficência Portuguesa de São Paulo)  Thiago Lins Almeida (Médico Oncologista do COAEM) 02/09/2013

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