Editores da série MOC Antonio C. Buzaid - Fernando C. Maluf - Carlos H. Barrios
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Editor-convidado Caio Max S. Rocha Lima

Resumo:
Gefitinibe é um inibidor de tirosina-quinase no receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) e originalmente resultou em superior eficácia em estudos clínicos conduzidos com pacientes “asiáticos” não selecionados. Em seguida, foi utilizada uma seleção molecular baseada na mutação do EGFR, quando surgiram evidências que o gefitinibe mostrava-se efetivo em portadores de câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) com EGFR mutado, independentemente da raça.

Métodos:
Estudo prospectivo multicêntrico, fase IV (NCT01203917), para avaliar a eficácia, segurança e tolerabilidade do gefitinibe na primeira linha de tratamento para pacientes “caucasianos” portadores de CPCNP (localmente avançado ou metastático) com EGFR mutado. Foram elegíveis para o estudo, caucasianos, com idade superior aos 18 anos, PS 0-2, diagnóstico histopatológico confirmado para CPCNP, ausência de tratamento prévio e com perfil EGFR mutado. Os pacientes receberam gefitinibe na dose de 250 mg, uma vez ao dia, diariamente, por via oral, até progressão da doença ou toxicidade limitante. A avaliação de tratamento foi realizada a cada 6 semanas e utilizou os critérios de RECIST 1.1. O objetivo primário foi a taxa de resposta objetiva (TRO), enquanto os objetivos secundários foram a taxa de controle da doença (TCD = resposta parcial e completa ou doença estável durante 6 meses ou mais), sobrevida livre de progressão (SLP), sobrevida global (SG) e segurança/tolerabilidade. Análise exploratória pré-planejada incluiu a comparação do status EGFR “mutado” na amostra tumoral e plasma.

Resultados:
A partir de 1.060 pacientes, procedentes de 13 países, avaliados entre setembro de 2010 e fevereiro de 2012, foram incluídos 106 pacientes portadores de CPCNP, localmente avançado ou metastático, com EGFR mutado. Análise da amostra evidenciou: 71% mulheres, 97% adenocarcinomas e 64% nunca tabagistas. Análise do EGFR mutado evidenciou: 31% com mutação L858R, 65% apresentaram deleção no éxon 19 e 4% apresentaram outras mutações. A TRO e TCD atingiram, respectivamente, 70% e 91%. A SLP mediana foi de 9,7 meses, enquanto a SG mediana alcançou 19 meses. A análise exploratória evidenciou a concordância de 94% sobre aqueles EGFR mutados, entre as análises no tumor e no plasma. Gefitinibe foi bem tolerado e apenas 8% dos pacientes descontinuaram o tratamento devido aos eventos adversos. Os eventos adversos mais comuns foram o rash (45%) e a diarreia (31%), enquanto eventos grau 3/4 ocorreram em 15% dos pacientes.

Conclusão:
De acordo com os resultados, os autores concluem que o gefitinibe foi efetivo e bem tolerado como tratamento na primeira linha em pacientes “caucasianos” portadores de CPCNP com EGFR mutado.

Comentários - MOC Brasil:

Estima-se que o EGFR apresente-se “mutado” em aproximadamente 11-18% da população de “caucasianos” portadores de CPCNP. Apesar da prevalência baixa, quando comparado à população asiática (cerca de 50%), observam-se mutações similares (deleção no éxon 19), TRO equivalentes (70%) e SLP aproximadas (9,2 meses). Este estudo nos alerta para a pesquisa de mutações no EGFR para todos os portadores de CPCNP, localmente avançados ou metastáticos, sejam asiáticos e caucasianos.

Referência:
ESMO. European Society for Medical Oncology. EMCTO 2013 News: First-line gefitinib effective and well tolerated in Caucasian patients with EGFR mutation-positive NSCLC. Disponível em http://www.esmo.org/Conferences/Past-Conferences/EMCTO-2013-Lung-Cancer/News/First-line-gefitinib-effective-and-well-tolerated-in-Caucasian-patients-with-EGFR-mutation-positive-NSCLC (Acessado em 19/09/2013).

Jéssica Ribeiro
(Médica Residente de Oncologia Clínica da Beneficência Portuguesa de São Paulo)

Thiago Lins Almeida
(Médico Oncologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo)

19/09/2013

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