Atualmente sabemos que todos os pacientes com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) em estádios avançados devem ser submetidos à pesquisa de mutações genéticas no gene EGFR, quando essa pesquisa se apresenta negativa, devemos pesquisar a translocação do gene ALK, pois o planejamento do tratamento depende destes testes.
Os pacientes com mutação do gene EGFR devem ser tratados com inibidores de tirosina quinase e as opções para tratamento são: erlotinibe, gefitinibe e, mais recentemente, o afatinibe.
O afatinibe é um bloqueador irreversível de EGFR e foi estudado em pacientes com CPCNP com mutação do EGFR. O estudo LUX-Lung 3 investigou a eficácia do afatinibeversus o melhor esquema quimioterápico.
Em um estudo de Fase III, que envolveu pacientes com CPCNP estádio IIIB/IV e mutação do EGFR. Os pacientes foram randomizados para dois braços, o primeiro recebeu afatinibe, 40 mg por dia e o segundo recebeu quimioterapia com cisplatina e pemetrexede, por até 6 ciclos, em dose padrão a cada 21 dias.
O endpoint primário do estudo foi sobrevida livre de progressão (SLP), os endpoints secundários foram taxa de resposta (TR), sobrevida global (SG), eventos adversos (EA) e opinião dos pacientes (OP).
Foram estudados 1.269 pacientes, inicialmente 345 pacientes foram randomizados aleatoriamente, a SLP foi de 11,1 meses para o grupo que recebeu afatinibe e 6,9 meses para os pacientes que receberam quimioterapia (HR=0,58; IC de 95%: 0,43-0,78; p=0,001). Uma segunda análise com 308 pacientes foi realizada envolvendo apenas pacientes com mutação do EGFR no éxon 19 e L858Rs, a SLP foi de 13,6 meses para afatinibe e 6,9 meses para quimioterapia (HR=0,47; IC de 95%: 0,34-0,65; p=0,001).
Os eventos adversos relacionados com o afatinibe foram diarreia, erupções cutâneas/acne, estomatite, houve um melhor controle de tosse, dispneia e dor entre os pacientes que receberam afatinibe.
Portanto, de acordo com o estudo publicado no Journal of Clinical Oncology, o afatinibe melhorou a SLP em relação ao melhor esquema quimioterápico atual, platina/pemetrexede, por mais de 4 meses em uma população diversa. Sintomas relacionados ao câncer de pulmão tiveram um melhor controle com afatinibe, mas é importante ressaltar que diarreia, erupção cutânea e fadiga com nível de toxicidade grau 3 foram associados a esta droga.
No entanto, o afatinibe poderá ampliar as oportunidades terapêuticas para os pacientes com CPCNP com qualquer mutação no EGFR.
Referência:
Sequist LV, Yang JC, Yamamoto N, et al. Phase III Study of Afatinib or Cisplatin Plus Pemetrexed in Patients With Metastatic Lung Adenocarcinoma With EGFR Mutations. J Clin Oncol 2013;31:3327-3334.
Raphael Brandão Moreira
(Médico Residente de Oncologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo).
26/09/2013