Editores da série MOC Antonio C. Buzaid - Fernando C. Maluf - Carlos H. Barrios
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Editor-convidado Caio Max S. Rocha Lima
Em 25 de setembro de 2025, o FDA (Food and Drug Administration) aprovou o uso de imlunestranto, um antagonista do receptor de estrogênio, para o tratamento de pacientes adultos com câncer de mama avançado ou metastático com expressão de receptores hormonais (RH positivo), HER-2 negativo e com mutação no gene ESR1, cuja doença tenha progredido após pelo menos uma linha de terapia endócrina. Na mesma data, também foi aprovado o Guardant360 CDx, um ensaio de DNA tumoral circulante (ctDNA) utilizado como teste diagnóstico complementar para identificação das mutações específicas no domínio de ligação ao ligante do gene ESR1, servindo como ferramenta de seleção para tratamento com imlunestranto. A aprovação teve como base os resultados do estudo clínico randomizado de fase III EMBER-3, que avaliou a eficácia e a segurança do imlunestranto em uma população de 874 pacientes com câncer de mama RH positivo, HER-2 negativo, localmente avançado ou metastático, previamente tratados com inibidores de aromatase isoladamente ou em combinação com inibidores de CDK4/6. Pacientes elegíveis para o uso de inibidores de PARP foram excluídos. Os participantes foram randomizados entre imlunestranto, hormonioterapia à escolha do investigador (fulvestranto ou exemestano), ou a combinação de imlunestranto com abemaciclibe. A análise de eficácia focou na coorte com mutação ESR1 detectada por ctDNA, utilizando o ensaio Guardant360 CDx. Neste subgrupo populacional (N=256), a idade mediana foi 61 anos, todos os pacientes eram do sexo feminino, 11% eram pré ou perimenopáusicas. A maioria das pacientes (59%) possuía metástases viscerais na inclusão, 21% não havia recebido hormonioterapia e 70% havia recebido um inibidor de CDK4/6. Como resultado de eficácia, o uso de imlunestranto demonstrou benefício estatisticamente significativo na sobrevida livre de progressão, com mediana de 5,5 meses versus 3,8 meses observados no grupo tratado com hormonioterapia (HR=0,62; IC de 95%: 0,46-0,82; p=0,0008). A taxa de resposta objetiva foi de 14,3% no grupo que recebeu imlunestranto, comparada a 7,7% no grupo de terapia hormonal. Na análise de sobrevida global, os dados ainda são imaturos. Eventos adversos graves foram observadas em 10% dos pacientes, destacando-se o derrame pleural (1,2%). A descontinuação permanente do tratamento por eventos adversos foi registrada em 4,6% dos pacientes e reduções de dose devido a eventos adversos foram necessárias em 2,4% dos pacientes. Os eventos adversos mais comuns (≥ 10%), incluindo alterações laboratoriais, foram: anemia, dor musculoesquelética, hipocalcemia, neutropenia, elevação de transaminases, fadiga, diarreia, hipertrigliceridemia, náusea, plaquetopenia, constipação, hipercolesterolemia e dor abdominal. A Dra. Debora de Melo Gagliato, oncologista clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta a aprovação representa um avanço importante para pacientes com câncer de mama metastático e portadores de mutação somática em ESR1.  Essa mutação decorre predominantemente de pressão de tratamento com inibidor da aromatase e é encontrada em aproximadamente 20% a 40% dos pacientes que têm progressão de doença com esta classe, associada ou não a inibidores de CDK4/6. O imlunestranto possui eficácia demonstrada, perfil de tolerabilidade e segurança excelentes, além de  posologia de administração por via oral. Tais atributos fazem com que ele seja excelente opção terapêutica para pacientes com adequado tempo de controle prévio em linha anterior à inibidor de CDK4/6 e inibidor de aromatase, e que possuem em ctDNA  a detecção de mutação somática de ESR1, independentemente do tipo de mutação nesse gene”.

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